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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sócrates - O maior de todos os filósofos

Sócrates foi muito mais do que um filósofo. Ele dominou o cenário intelectual e político de Atenas, enterrou de vez o politeísmo na Grécia antiga, serviu de espelho para dezenas de jovens em busca de conhecimento e, como se não bastasse, exerceu uma influência poderosa sobre toda a civilização ocidental.
Apesar de tantos méritos, Sócrates não deixou uma linha sequer escrita. Tudo o que se sabe sobre suas idéias foi compilado por seu discípulo Platão. Ele propriamente nunca escreveu nada. Por isso, muitos chegaram a duvidar da existência desse filósofo, cogitando se Sócrates não seria uma figura alegórica que reuniria diversos pensadores da época.

Feio e deselegante


Os textos de Platão e testemunhos da época, porém, não deixam dúvida acerca da existência de Sócrates (470 a.C.–399 a.C.). A única imagem existente dele (um busto esculpido em pedra) nos mostra um homem que estava longe de ser bonito.
Cabeça calva, rosto redondo, olhos fundos e arregalados, nariz largo... Essas são as características que compõem o seu retrato. Além disso, Sócrates andava sempre com a mesma túnica amarrotada, vagando pelas ruas de Atenas.

Filho de parteira

Sócrates era filho de um escultor, Sofronisco, e de uma parteira, Fenareta. Teria seguido, durante algum tempo, a profissão do pai e, provavelmente, teve a mesma educação dos jovens da época, aprendendo música, ginástica e gramática.
Sócrates foi beneficiado também por ter vivido numa época áurea para a Grécia, na qual grandes artistas embelezavam Atenas, os pensadores propagavam suas idéias em outras regiões da Grécia e as grandes tragédias eram encenadas. Quando Ésquilo morreu, por exemplo, Sócrates tinha 14 anos.

Ídolo da juventude

Estética à parte, Sócrates era verdadeiramente adorado por seus alunos. Onde ele falava, reunia multidões de jovens, ávidos por ouvir suas palavras de sabedoria. Jovens ricos, como Platão e Alcibíades, deleitavam-se com as críticas de Sócrates à democracia ateniense e com suas reflexões sobre a virtude e a ética.
Como Sócrates vivia, no entanto, permanece um mistério. Ele não trabalhava, vivia em almoços e jantares com seus admiradores, mas ninguém sabe como se mantinha. Diz-se que ele era casado e tinha filhos, apesar de ter dado pouca atenção à família.

Oráculo

Sócrates dizia que o começo da filosofia se dava quando as pessoas duvidavam de suas próprias certezas, admitiam a ignorância e abriam mão dos dogmas. E um fato que viria a marcar o resto da sua existência foi a declaração, pelo oráculo de Delfos, de que ele era o mais sábio dos homens.
Atônito diante dessas palavras, Sócrates ficou se perguntando como ele poderia ser esse homem tão sábio, logo ele, que se considerava um ignorante. A partir dessas reflexões, o filósofo concluiu que sua sabedoria só poderia residir na consciência que tinha do fato de que nada sabia. Por isso, cunhou a famosa frase: “Só sei uma coisa: é que nada sei”.

Autoconhecimento

As palavras do oráculo soaram aos ouvidos de Sócrates como a enunciação de uma missão: ir em busca dos que se julgavam sábios e mostrar-lhes que eram ignorantes. Na praça pública de Atenas (chamada pelos gregos de ágora), Sócrates questionava os conhecimentos até provar à própria pessoa — e a quem os assistia — que a sabedoria dela era ilusória.
Segundo Sócrates, as crenças humanas podem esconder desejos secretos que usam o pensamento para gerar idéias pretensamente lógicas. Para evitar esse engodo, Sócrates dizia que não poderia haver filosofia sem autoconhecimento. E aí surge outra frase famosa do filósofo: “Conhece-te a ti mesmo”.

Eterno questionador

Sócrates dedicava-se muito mais a perguntar do que a responder. Ele questionava conceitos como honra, valores, moralidade e ética e perguntava-se o que o homem queria dizer com eles.
Ele deslocou a reflexão filosófica da natureza — priorizada pelos pré-socráticos — para o homem, alegando que as questões relativas ao ser humano são as que merecem mais reflexão.

Diálogos

Sócrates desenvolveu uma investigação quase compulsiva pelo significado das palavras. Seu objetivo, porém, não era chegar a definições e conceitos definitivos. O que lhe interessava era apenas a troca de idéias, a conversa. A meta da discussão não era o assunto em si, mas o interlocutor.
Se conseguisse convencer seus interlocutores de que eram detentores de falsas verdades, que o conhecimento é limitado e que conceitos são obscuros, Sócrates dava-se por satisfeito. Para ele, o reencontro consigo mesmo só poderia se dar a partir da consciência da própria ignorância.

Parto de idéias

Para trazer à tona a “verdade” do sujeito, o que lhe vai na alma, Sócrates criou um método específico. Esse método chama-se maiêutica, que significa parto de idéias, em homenagem à sua mãe, que era parteira.
Na maiêutica, Sócrates estimulava seus alunos a dar à luz novas idéias. Interrogando-os incessantemente, ele fazia surgir a verdade escondida neles. Num jogo praticamente sem fim, o filósofo desafiava os interlocutores-discípulos a parir o que estava escondido, ignorado por eles mesmos.

A busca da cura

Numa fala atribuída a Sócrates, ele teria dito que se comparava aos médicos, na medida em que submetia os interlocutores ao remédio amargo da ironia. E, somente com ela, a pessoa poderia recuperar a sua saúde mental, que seria o autoconhecimento.
Na verdade, o sentido da filosofia — que era a própria missão de Sócrates — nada mais era do que conduzir o sujeito a pensar. Os pensamentos agiriam como um bálsamo, um remédio que cura as feridas da ignorância.

Inventor da ética

Sócrates não estava mais preocupado com a origem do cosmos (como as pessoas no tempo da mitologia) nem com o elemento que seria a essência de tudo (como os pré-socráticos). Para ele, o fundamental era a reflexão sobre a vida da pólis (cidade), os costumes e comportamentos.
Juntos, esses fatores formam o que os gregos chamavam de ethos (estilo de vida). Sócrates é, então, o inventor da ética. Ele foi o primeiro a questionar as ações humanas e os valores subjacentes a elas.

“Crianças” da Filosofia

Sócrates e seus seguidores, Platão e Aristóteles, desprezaram as idéias dos pré-socráticos, qualificando-os como as “crianças” da Filosofia. Essa maneira pejorativa de encarar os primeiros filósofos da História manteve-se durante séculos e séculos.
Somente a partir do final do século XIX e início do século XX é que as idéias pré-socráticas começaram a ser resgatadas. Filósofos, como os alemães Nietzsche e Heidegger, reabilitaram figuras como Heráclito, por exemplo, por acreditarem que elas se preocuparam com a questão do ser e simbolizaram o início grandioso da Filosofia.

Julgamento

Por seu caráter desafiador e questionador, Sócrates foi considerado um inimigo da democracia ateniense e um elemento corruptor da juventude. Na sua ânsia de despertar a sede do conhecimento em todos, ele desafiou preconceitos sociais da época, como, por exemplo, o de que um escravo não teria condições de conceber e assimilar idéias.
No ano de 399 a.C., um tribunal formado por cidadãos provenientes de dez tribos que compunham a população de Atenas reuniu-se para julgar Sócrates. O filósofo foi acusado por três figuras da sociedade — Meleto, Ânito e Lícon — de não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude.

O relato de Platão

O relato do julgamento de Sócrates foi feito por Platão — Apologia de Sócrates — e é tido como bastante fiel aos fatos. Segundo a narrativa, o filósofo se manteve calmo durante todo o julgamento, dialogou com seus acusadores e, em nenhum momento, apelou para o pedido de clemência ou a bajulação.
Quando foi condenado, Sócrates poderia ainda escolher uma pena, como o pagamento de uma multa, por exemplo. Mas ele preferiu que os próprios acusadores determinassem a pena. Aos 72 anos, ele foi condenado a beber cicuta (um tipo de veneno), mas, antes, disse: “Eis a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo, ninguém o sabe, exceto Deus”.

Dignidade

Depois da sua condenação à morte, Sócrates ainda teve de esperar trinta dias pela execução da pena. Nesse período, o filósofo permaneceu na prisão, onde teve diálogos com seus discípulos e amigos. Muitos deles estão na obra Fédon, de Platão.
Um tema constante nesses diálogos é o significado da morte. Sócrates, porém, recusou-se a defini-la ou temê-la. Na véspera de sua morte, os amigos lhe imploraram que fugisse, mas ele não aceitou essa possibilidade. Segundo ele, a única coisa que importa é viver honestamente, sem cometer injustiças, nem mesmo em retribuição a uma injustiça recebida.

A última cena


Sócrates manteve-se fiel à sua consciência até o último momento, optando por aceitar a pena escolhida por seus acusadores: a morte. Na despedida, entraram a mulher do filósofo, Xantipa, e seus filhos.
Sócrates permaneceu sereno até o final. Imperturbável, tomou o veneno de um só gole. Os amigos ameaçaram chorar, mas ele os confortou, pedindo que fossem fortes. Ao sentir os primeiros efeitos da cicuta, o filósofo se deitou. Morreu em paz com sua consciência, fiel a si mesmo e aos amigos: preferiu morrer a admitir a culpa de algo que não tinha feito.

Fonte: Revista Grécia Terra dos Deuses. Os Grandes Filósofos. Nº 02, São Paulo: Editora Escala, pp. 20 a 27.

Extraído do site da Editora Construir: WWW.construirnoticias.com.br

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